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A mostrar mensagens de março, 2018

Proposta de temas para o trabalho escrito

1. Representações da violência na literatura angolana. 2. Jornalismo e literatura. Angola Moçambique 3. Literatura e tradição oral. 4. A invenção da linguagem. Luandino Vieira Mia Couto Manuel Rui 5. A escrita das mulheres. Angola Moçambique São Tomé e Príncipe 6. Protocolos de Leitura. Luís Bernardo Honwana Ondjaki 7. Ilhas e Utopia. Cabo Verde São Tomé e Príncipe outras

O Lobo e o Chibinho, recolha de Baltasar Lopes

O LOBO E O CHIBINHO (Cabo Verde)   Houve grande seca naquele ano. Nos campos não havia nem fio de palha para as alimárias. Ti’lobo andava muito magro, de corpo relampiado, e sem gosto nenhum na vida. Girava de campo em campo, à procura de qualquer coisa para lhe aguentar a debilidade, mas nada havia de subsistência para o seu estômago de comilão. Certo dia, já farto de andar, foi parar a uma fonte, a ver se por acaso encontraria por lá alguma Chibarrinha perdida da mãe. Deu logo de cara com Compadre Chibinho, que estava muito pachá a gozar a sombra de uma empena de barranco. Ti’Lobo arregalou os olhos. É que Compadre Chibinho estava gordo, bonito, tinha mesmo ar de quem tinha comida boa para encher as tripas do corpo. E Ti’Lobo disse: – Bi, Compadre Chibinho! Você está gordo, Deus o guarde! – Assim, assim, Ti’Lobo, o suficiente para safar este tempo de carestia… – Não, Compadre Chibinho, você tem comido em caldeira fina. Veja como estou. As minhas costelas parecem cordas de...

O conto de Blimundo

O conto de Blimundo (Cabo Verde) Havia um boi chamado Blimundo. Era grande, forte e amante da vida e da liberdade. Além disso, era muito amado e respeitado por todos, pois sabia pensar por si próprio, além de ser muito gentil com todos. Ao saber da existência de criatura tão autêntica, Senhor Rei perguntou-se que boi seria esse, que ousava ser tão livre em seus posicionamentos e fazendo com que os outros bois lhe seguissem o exemplo. Se ele continuasse assim, quem faria, depois, o trabalho pesado do reino? Ordenou, então, que Blimundo fosse pego morto ou vivo, a trazido até a sua presença. Os homens do Senhor Rei saíram em busca do boi, mas este os encontrou primeiro e deu um fim neles. Ao saber da notícia, Senhor Rei reuniu os homens mais valentes do reino e os mandou capturar Blimundo, e os homens partiram. O boi, novamente, deu cabo dos homens. Quando recebeu tão triste notícia, Senhor Rei desesperou-se, mas logo ouviu falar de um rapaz que fora criado no borralho da cinza e qu...

Retóricas africanas

Nossas Vozes Retóricas africanas Adivinhação em cascata, o intercâmbio de ironias e sarcasmos entre o moenho da rainha e o capitão português inscreve-se na tradição bantu do «diálogo enigmático» Cadornega na sua História Geral das Guerras Angolanas refere-se a esta tradição: “este gentio da província da Quissama fala oculto e por apodos, metáforas e assim quem sabe o seu modo e é previsto na sua língua, lhe fala e responde pelo mesmo estilo, com que os fazem dar com os pés um no outro, dando como dizemos, com quem lhe sabe entender as invenções e maranhas”. A retórica metafórica que Cadornega atribui ao “gentio da Quissama” é muito comum na área bantu. Entre provérbios, adivinhanças, apólogos e troças ela propicia uma ampla gama de géneros literários. Segundo Chatelain, um dos nomes para designar a adivinha em Kimbundu, língua mais provável para a troca de perfídias entre o emissário da rainha e o capitão português é nongonongo. Héli Chatelain, o missionário suíço que viv...

Ilustrações de Luandino Vieira

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Ilustrações retiradas do livro: Francisco Topa (introdução recolha e edição), Luandino Por (Re)Conhecer. Uma entrevista, estórias dispersas, bibliografia , s.l., Sombra pela Cintura, 2014.